terça-feira, 9 de setembro de 2008

Sabará e os Neo-Folkies





Agora é moda. Tocar um violão-folk solitário e tristonho, e se dizer, hum, “folk”. Se tocar harmônica, melhor ainda. Se cantar qualquer-coisa-em-inglês, é tudo. Mas tem que ser bonito/bonita. Senão não for, esqueça. Vá para os bastidores. Acenda uma vela. Bastou uma cantora-jovem fazer certo sucesso, em um ambiente em que o “sucesso” é cada vez mais raro, e a palavra “folk” virou arroz-de-festa, papagaio-de-pirata, flamengo-encontra-mangueira, a música-da-vez. Pena. Alguns desses novos-folkies talvez nem tenham ouvido falar de Woody Guthrie. Nem mesmo do novo (10 anos é novo, sim. Maldito mundo descartável) e fenomenal ábum
http://www.woodyguthrie.org/merchandise/mermaidavenuevol1.htm
mas isso não tem mesmo importância. Os violões dos novos-folkies-brasileiros nunca vão matar nenhum fascista. O que, no final das contas, pode ser até mesmo uma boa idéia, caso essa atitude seja considerada em termos literais. Nunca se sabe até que ponto vai a loucura. Loucura só funciona se o sujeito for o Raul Seixas. Fascista no Brasil tem outro nome, e causa danos maiores que os italianos-adeptos dos anos 30. Esqueçam o sentido original. Alguns até trabalham aqui perto. Nunca entendi muito bem porque eles sempre precisam “visitar as bases”. Chega. Preciso ouvir My Back Pages urgentemente, para deixar de falar besteira.

Da nova série “Dicas do Música Folk!”, um blog totalmente fora de moda, o cantor Sabará mostra que não está nem aí para a nova “tendência”, já prevista pela vidente Rita Lee em termos, digamos, mais amplos. Sabará não é um Neo-Folk.

Cantor, instrumentista e compositor do Rio de Janeiro, Sabará iniciou sua carreira artística em 1997 com a música “Amanhecer”, apresentada no Festival de Música da Universidade Gama Filho (RJ). Em 1999, a canção “Mais perto da luz” (parceria com o guitarrista Dida Mello) foi premiada no concurso “Rio Jovem Artista”, promovido pela Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro. Entre 1999 e 2005, Sabará foi baterista de bandas e de musicais de teatro. Nesse período, estudou bateria com Christiano Galvão (músico de Jorge Vercillo, Marina e Zélia Duncan). O foco nas composições próprias foi retomado em 2005, quando Sabará produziu e gravou seu primeiro EP, “Prá Fazer Bagunça”. Em 2006, depois de ouvir o EP, o produtor Christiaan Oyens (que trabalhou com Lulu Santos, Adriana Calcanhoto e Zélia Duncan) aceitou o convite de Sabará para dirigir as gravações do seu primeiro álbum completo, o homônimo “Sabará”. Em 2008, lançou simultaneamente seu álbum, com dez canções inéditas (liberadas para audição e download nos sites MySpace e PalcoMP3); e os videoclipes das canções “Sabará” e “Afastaria”, no canal “sabaranarede” do YouTube.

Aqui, as centenas de lugares onde ele pode ser encontrado:

http://palcomp3.cifraclub.terra.com.br/
www.myspace.com/sabaranarede (ouça e veja fotos)
www.palcomp3.com.br/sabaranarede (baixe as músicas)
www.youtube.com/user/sabaranarede (assista clipes em alta definição)
www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=66298937 (comunidade ORKUT)
www.sabaranarede.blogspot.com


HERMÉTICO
(Sabará)

Como as unhas que faltam aos dedos
Talhando encostas de rochedos
Arranho sem romper
A casca dura do viver

E o meu viver não é mais meu
não é mais

Como a pena que a brisa espera
Se entrega prÁ fugir da terra
A vela que tinha forma
O mofo que o sol transforma

Quis você me tornar seu
me tornar.... Hermético

eu só quero o seu cheiro
Exausto de vagar
só não canso do seu mundo
Não tenho onde ficar
Não tenho o que temer
Nem raiva consigo ter
Se estou longe de você

Como o santo que aguarda a prece
O enfermo que no chão padece
Socorro não aparece
Não pararia se viesse

Pois no meu peito bate mais um
sempre mais.... Hermético

eu só quero o seu cheiro
Exausto de vagar
só não canso do seu mundo
Não tenho onde ficar
Não tenho o que temer
Nem raiva consigo ter
Se estou longe de você