Continuando nossa cruzada “Diga Não às Bandas-Cover”, resposta do cantor e compositor carioca Noé Klabin (http://www.myspace.com/noeklabin) ao post sobre as nefastas bandas repetidoras de notas:
“Gostei tanto do seu artigo "Bandas-Cover e a Não-Formação de Platéia" que tive que escrever uma resposta para ele. Tenho que, antes de mais nada, agradecer a manifestação dessa idéia que eu concordo com todas as letras. Aqui vai: "Ufa! Muito obrigado. Graças a Deus tem alguém do meu lado!". Eu luto por essa idéia já há algum tempo e é difícil encontrar alguém que me apóie... Já tive que brigar com integrantes da minha banda, com familiares, amigos, até donos de casas de show e empresários musicais por causa desse assunto. Quando me pedem pra colocar hits no meu show eu sempre digo, ”eu não sou banda-cover e também não sou vitrola. Tenho minhas composições, meus arranjos, minhas letras, é isso que eu faço, e quero que me assista apenas quem curti o meu som, e não o do Djavan (Quero deixar claro que eu adoro o Djavan, mas quando ele mesmo canta Djavan, até hoje eu nunca ouvi outra pessoa fazer melhor...)”.
Antes de continuar meu argumento, acho bom esclarecer a respeito de duas categorias de músicos, os instrumentistas-compositores, e os instrumentistas-não-compositores. Respeito ambos da mesa forma. Porém um músico não-compositor tem que tocar composições dos outros, não é verdade? Isso não o diminui como músico, ele pode ser um grande intérprete. Existem músicos-não-compositores incríveis por aí tocando violões em bares... Claro que podem cantar músicas novas, pouco conhecidas (a Cássia Eller e a Elis Regina são ótimos exemplos de intérpretes maravilhosas que faziam isso), mas tudo bem... estão perdoados! Eu pediria apenas que eles fizessem umas versões um pouco mais originais daquelas músicas que já estamos cansados de ouvir. Agora, em relação aos músicos-compositores, queremos suas novidades! O mercado está carente de novas composições! Estou cansado de ligar o rádio e ouvir as mesmas canções desde que sou criança. Isso só vai mudar quando os compositores não se renderem, quando eles não engavetarem, e sim apresentarem e lutarem por suas criações! Aí me respondem, "mas não é o que o público quer ouvir..." Você já tentou? Eles não cantam junto? Mas é claro que não cantam junto, é nova! Eles (o público) precisam de um tempo pra memorizar, mas alguém tem que tocar elas pra eles poderem memorizar, alguém tem que lutar por elas um pouco.
Entendo perfeitamente a situação do mercado de shows no Brasil (pois sofro com ela), que assim como você colocou no artigo, os músicos precisam trabalhar, e as casas noturnas querem hits... Muitos músicos-compositores por necessidade financeira acabam se “prostituindo”, tocando covers clássicos, mas eles pagam o preço (enxergando ou não), pois com raras exceções (Celebrare por exemplo, que construiu um público gigante), a banda-cover não forma público. Existem bandas-cover dedicadas a fazerem imitações perfeitas de bandas famosas (como Dave Mathew-Cover, Pink-Floyd-Cover, Beatles-Cover), eu acho interessante essa idéia quando os integrantes são fãs alucinados dessas bandas, mas particularmente, por melhor que sejam, eu não as valorizo como artistas, devido à falta de criatividade, posso valorizá-las pela qualidade e pela técnica. Acho legal para o instrumentista-compositor a idéia de fazer um tributo a um outro músico que admire, tocando uma série de canções, mas sempre sendo original nos arranjos, e sempre inserindo as de sua própria autoria no repertório...
No meu caso, que sou músico-compositor, eu não faço mais do que quatro covers em um show, podem até implorar! E os poucos que faço, são arranjos completamente diferentes das versões originais. Quer ouvir Lulu Santos, Djavan, Caetano? Porque veio então no show do Noé? Eu tenho o meu próprio trabalho e vou lutar por ele. Tenho dificuldade para encontrar casas de show que estão dispostas a colocar um artista novo que não é conhecido, lutei muito por isso, ganhei várias vezes, mas me rendi no final. Não... Eu não toquei cover no final. No fim, eu parei de tocar nas casas noturnas e passei a lutar de outra forma pelas minhas criações. Gravei um CD e estou na luta para distribuir minhas músicas em rádios, sites de músicas, e todas as formas acessíveis que eu conseguir para colocar o meu trabalho no ouvido do povo. Se a minha tática der certo, quem sabe um dia eu entro em um bar, e terá um cara tocando um Noé–cover...
Enfim, só queria dividir a minha opinião com você, achei muito boa a sua expressão dessa idéia, principalmente como crítica aos bares e casas noturnas que, como uma máfia, impedem o crescimento cultural-musical do país, impedindo que coisas novas apareçam. Em relação aos músicos-compositores que se rendem ao cover, coitados, mas acho que é compreensível, pois eles têm que pagar o aluguel no fim do mês e por isso acabam guardando suas próprias composições na gaveta, esperando um milagre acontecer e, em suas palavras “acabam tocando Djavan em um violão de nylon ligado em uma mesa de som de última categoria com som de taquara rachada”."
“Gostei tanto do seu artigo "Bandas-Cover e a Não-Formação de Platéia" que tive que escrever uma resposta para ele. Tenho que, antes de mais nada, agradecer a manifestação dessa idéia que eu concordo com todas as letras. Aqui vai: "Ufa! Muito obrigado. Graças a Deus tem alguém do meu lado!". Eu luto por essa idéia já há algum tempo e é difícil encontrar alguém que me apóie... Já tive que brigar com integrantes da minha banda, com familiares, amigos, até donos de casas de show e empresários musicais por causa desse assunto. Quando me pedem pra colocar hits no meu show eu sempre digo, ”eu não sou banda-cover e também não sou vitrola. Tenho minhas composições, meus arranjos, minhas letras, é isso que eu faço, e quero que me assista apenas quem curti o meu som, e não o do Djavan (Quero deixar claro que eu adoro o Djavan, mas quando ele mesmo canta Djavan, até hoje eu nunca ouvi outra pessoa fazer melhor...)”.
Antes de continuar meu argumento, acho bom esclarecer a respeito de duas categorias de músicos, os instrumentistas-compositores, e os instrumentistas-não-compositores. Respeito ambos da mesa forma. Porém um músico não-compositor tem que tocar composições dos outros, não é verdade? Isso não o diminui como músico, ele pode ser um grande intérprete. Existem músicos-não-compositores incríveis por aí tocando violões em bares... Claro que podem cantar músicas novas, pouco conhecidas (a Cássia Eller e a Elis Regina são ótimos exemplos de intérpretes maravilhosas que faziam isso), mas tudo bem... estão perdoados! Eu pediria apenas que eles fizessem umas versões um pouco mais originais daquelas músicas que já estamos cansados de ouvir. Agora, em relação aos músicos-compositores, queremos suas novidades! O mercado está carente de novas composições! Estou cansado de ligar o rádio e ouvir as mesmas canções desde que sou criança. Isso só vai mudar quando os compositores não se renderem, quando eles não engavetarem, e sim apresentarem e lutarem por suas criações! Aí me respondem, "mas não é o que o público quer ouvir..." Você já tentou? Eles não cantam junto? Mas é claro que não cantam junto, é nova! Eles (o público) precisam de um tempo pra memorizar, mas alguém tem que tocar elas pra eles poderem memorizar, alguém tem que lutar por elas um pouco.
Entendo perfeitamente a situação do mercado de shows no Brasil (pois sofro com ela), que assim como você colocou no artigo, os músicos precisam trabalhar, e as casas noturnas querem hits... Muitos músicos-compositores por necessidade financeira acabam se “prostituindo”, tocando covers clássicos, mas eles pagam o preço (enxergando ou não), pois com raras exceções (Celebrare por exemplo, que construiu um público gigante), a banda-cover não forma público. Existem bandas-cover dedicadas a fazerem imitações perfeitas de bandas famosas (como Dave Mathew-Cover, Pink-Floyd-Cover, Beatles-Cover), eu acho interessante essa idéia quando os integrantes são fãs alucinados dessas bandas, mas particularmente, por melhor que sejam, eu não as valorizo como artistas, devido à falta de criatividade, posso valorizá-las pela qualidade e pela técnica. Acho legal para o instrumentista-compositor a idéia de fazer um tributo a um outro músico que admire, tocando uma série de canções, mas sempre sendo original nos arranjos, e sempre inserindo as de sua própria autoria no repertório...
No meu caso, que sou músico-compositor, eu não faço mais do que quatro covers em um show, podem até implorar! E os poucos que faço, são arranjos completamente diferentes das versões originais. Quer ouvir Lulu Santos, Djavan, Caetano? Porque veio então no show do Noé? Eu tenho o meu próprio trabalho e vou lutar por ele. Tenho dificuldade para encontrar casas de show que estão dispostas a colocar um artista novo que não é conhecido, lutei muito por isso, ganhei várias vezes, mas me rendi no final. Não... Eu não toquei cover no final. No fim, eu parei de tocar nas casas noturnas e passei a lutar de outra forma pelas minhas criações. Gravei um CD e estou na luta para distribuir minhas músicas em rádios, sites de músicas, e todas as formas acessíveis que eu conseguir para colocar o meu trabalho no ouvido do povo. Se a minha tática der certo, quem sabe um dia eu entro em um bar, e terá um cara tocando um Noé–cover...
Enfim, só queria dividir a minha opinião com você, achei muito boa a sua expressão dessa idéia, principalmente como crítica aos bares e casas noturnas que, como uma máfia, impedem o crescimento cultural-musical do país, impedindo que coisas novas apareçam. Em relação aos músicos-compositores que se rendem ao cover, coitados, mas acho que é compreensível, pois eles têm que pagar o aluguel no fim do mês e por isso acabam guardando suas próprias composições na gaveta, esperando um milagre acontecer e, em suas palavras “acabam tocando Djavan em um violão de nylon ligado em uma mesa de som de última categoria com som de taquara rachada”."
Noé Klabin