Júlia Debasse é uma nova (nova mesmo: 21 anos) cantora e compositora do Rio de Janeiro. Compondo sozinha ou com a parceria de Sérgio Diab, Júlia gravou doze músicas, todas disponíveis para download em seu site (www.juliadebasse.com.br).
Como diz o curto release, “em tempos de DJs e atitude, Júlia Debasse define-se somente por suas canções. O simples fato de ter algo a dizer é o que motiva a música, distorce as guitarras e aquece a voz”.
As músicas de Júlia Debasse são o registro de uma das cantoras mais interessantes surgidas na cena independente nos últimos tempos. Base pesada, as músicas são costuradas de forma brilhante pela guitarra-e-amp-válvulas-derretendo de Sérgio Diab. Voz forte, mixada na frente, Sheryl Crow dos primeiros discos, if it makes you happy, Rita Lee na época em que o fruto era proibido e os jardins continuavam suspensos. Distante de modismos, Júlia é clássica, no melhor sentido da palavra. E as letras? Aqui vai um exemplo:
Os Meios e os Fins (Debasse/Diab)
O Homem faz de tudo para alimentar sua desgraça
Mata e morre de fome, constrói casas já mal-assombradas
O medo brota à pele, pálido como um lírio branco
O coração empalidece e se dilata em espanto
Há um homem lá fora, gentilmente quebrando relógios
A indiferença é um vírus, criado em laboratório
Cemitérios de anjos, milhares de estátuas de sal
Um espantalho em chamas se ergue no milharal
Você pode até dizer que não é bem assim,
Mas se lembre que os seus meios
Justificarão o seu fim
Você encrava os dentes de ouro numa pequena fruta de cera,
Mas é bem real o sangue que escorre de sua boca estreita
O amanhã podia ser o que você queria que ele fosse
Pense nisso e não forre os azulejos com o jornal de hoje
Os jogos do Coliseu já são televisionados
Um abutre pra lamber as feridas de todo coitado
Macedo é um bispo mercante, ele se compadece
Os políticos debatem com a boca cheia de confete
Você pode até dizer que não gosta de mim
Mas se lembre que os seus meios
Justificarão o seu fim
Nessa letra, pelo menos dois achados: “a indiferença é um vírus, criado em laboratório”; e “O amanhã podia ser o que você queria que ele fosse / Pense nisso e não forre os azulejos com o jornal de hoje”. Sim, com certeza não forraremos.
Júlia também é pintora, e suas telas podem ser visualizadas no site. É contratada do selo do Beni, ex-baterista do Kid-Abelha e autor de vários sucessos do início do grupo, a maioria junto com Leoni, ex-baixista-e-atual-carrera-solo. Beni é o chefão e guru do selo Psicotrônica (www.psicotronica.com.br), que tem em seu cast, além da Júlia, Cris Braun, Diab (também guitarrista da banda de Toni Platão), Humberto Barros (tecladista do Kid Abelha), Picassos Falsos e Tuia Lencione. O selo foi um dos vetores responsáveis pelo estouro-local-no-letras-e-depressões do Toni Platão, seu ex-contratado e que agora almeja vôos (talvez) maiores.
Concordo total e plenamente com o manifesto da Psicotrônica, que reproduzo abaixo:
“O Manifesto:
Os Meios e os Fins (Debasse/Diab)
O Homem faz de tudo para alimentar sua desgraça
Mata e morre de fome, constrói casas já mal-assombradas
O medo brota à pele, pálido como um lírio branco
O coração empalidece e se dilata em espanto
Há um homem lá fora, gentilmente quebrando relógios
A indiferença é um vírus, criado em laboratório
Cemitérios de anjos, milhares de estátuas de sal
Um espantalho em chamas se ergue no milharal
Você pode até dizer que não é bem assim,
Mas se lembre que os seus meios
Justificarão o seu fim
Você encrava os dentes de ouro numa pequena fruta de cera,
Mas é bem real o sangue que escorre de sua boca estreita
O amanhã podia ser o que você queria que ele fosse
Pense nisso e não forre os azulejos com o jornal de hoje
Os jogos do Coliseu já são televisionados
Um abutre pra lamber as feridas de todo coitado
Macedo é um bispo mercante, ele se compadece
Os políticos debatem com a boca cheia de confete
Você pode até dizer que não gosta de mim
Mas se lembre que os seus meios
Justificarão o seu fim
Nessa letra, pelo menos dois achados: “a indiferença é um vírus, criado em laboratório”; e “O amanhã podia ser o que você queria que ele fosse / Pense nisso e não forre os azulejos com o jornal de hoje”. Sim, com certeza não forraremos.
Júlia também é pintora, e suas telas podem ser visualizadas no site. É contratada do selo do Beni, ex-baterista do Kid-Abelha e autor de vários sucessos do início do grupo, a maioria junto com Leoni, ex-baixista-e-atual-carrera-solo. Beni é o chefão e guru do selo Psicotrônica (www.psicotronica.com.br), que tem em seu cast, além da Júlia, Cris Braun, Diab (também guitarrista da banda de Toni Platão), Humberto Barros (tecladista do Kid Abelha), Picassos Falsos e Tuia Lencione. O selo foi um dos vetores responsáveis pelo estouro-local-no-letras-e-depressões do Toni Platão, seu ex-contratado e que agora almeja vôos (talvez) maiores.
Concordo total e plenamente com o manifesto da Psicotrônica, que reproduzo abaixo:
“O Manifesto:
A indústria do disco enfrenta a pior crise da sua história. As vendas em queda livre, os formatos em transição, o rádio agoniza e um público jovem cresce avesso à idéia de comprar CDs. Para os investidores, o futuro pode parecer extremamente incerto e sombrio para a música popular. Para nós da Psicotrônica, música é uma necessidade vital, uma escolha existencial, mesmo que nesse momento represente um investimento de risco. Fazemos música porque acreditamos no poder de comunicação de idéias através de canções. Fazemos música porque acreditamos que canções podem transmitir mensagens, causar impressões, promover revoluções. Fazemos música porque acreditamos (suprema pretensão) que a música pode mover o mundo, porque a arte muda consciências. A crise do mercado de hoje não nos assusta, porque estamos nesse negócio empenhados em criar a demanda do futuro. Rejeitamos completamente a empurro-terapia do marketing selvagem, que quer criar no público, a golpes milionários de investimento em mídia, interesse por produtos intrinsecamente desinteressantes. A realidade não é adversa à música, ela simplesmente se opõe a um modelo de negócio ultrapassado. A crise existe porque a indústria parou de ouvir a voz das ruas, se concentrando na criação de “artistas” de laboratório, programados pelas pesquisas de mercado, filhotes dos egos inflados de marqueteiros pseudo-criativos. O disco pode estar nas últimas , mas a música vai muito bem, obrigado. Nunca se ouviu tanta música diferente (graças à Internet), nunca se viu tanta música ao vivo. Por isso, a Psicotrônica se lança ao trabalho confiante no futuro da indústria da música. Acreditamos no valor eterno de canções que têm idéias e substância, que representam a realidade da experiência pessoal, música que desafia as obviedades. Acreditamos na voz única e individual do artista, não em franchises baseados em belas estampas e num amontoados de palavras que rimam. Acreditamos que as mudanças nos produtos, no consumo e na distribuição de música, representam novas oportunidades e desafios artísticos e comerciais, que devemos considerar com destemor. Queremos construir carreiras e repertórios. Elaborados com a paciência de um disco após o outro, um show após o outro, ano após ano, “tijolo após tijolo num desenho lógico”. Aplaudimos os que se propõem a preservar a extraordinária tradição da música popular brasileira, mas queremos fazer parte dessa história buscando o novo, as vozes que cantam hoje, que falam desses dias. Na nossa missão de acreditar na relevância da produção atual da música brasileira , não há preferência de gênero. Nomes tão díspares como Martinho da Vila e Renato Teixeira, Renato Russo e Roberto Carlos, Noel Rosa e Chico Science simbolizam, cada um à sua maneira, os valores artísticos de criatividade e individualidade, que buscamos promover. Neste momento, em que a música sofre um racionamento radical de inteligência, nós da Psicotrônica queremos propor outras direções para a música popular brasileira à altura das suas tradições. Muita pretensão? Com certeza... Mas não foi de despretensão em despretensão que nós chegamos neste estado de coisas?”
E temos dito.
E temos dito.