Quem tem, digamos, uns 38 anos ou mais e morava no Rio de Janeiro em 1982 lembra-se perfeitamente do que foi a Rádio Fluminense-FM, a “maldita”, e do que ela representou para a música brasileira. Na época, foram lançados pela rádio aqueles grupos-que-não-é-necessário-citar-o-nome. Se não conhece, nunca ouviu falar, chegou agora da Venezuela, uma boa fonte de pesquisa é o livro do Luiz Antônio Mello, “A Onda Maldita: como nasceu e quem assassinou a Fluminense FM”. Para quem prefere televisão, informo que quem assassinou a Fluminense, segundo o autor, foram as gravadoras e as agências de publicidade. Com relação à Suprema Impunidade Nacional, as gravadoras já são penalizadas pela excelentíssima juíza chamada Internet e por milhões de incansáveis bucaneiros, paraguaios ou não. Quanto às agências de publicidade...
A história somente se repete como farsa, como disse Karl. Na época dele ainda não existia a CBN, mas isso não importava, pois ele tinha mais o que fazer. E em 1982 não existiam Internet, MP-3, Orkut, YouTube, MySpace, gravadores digitais, Pro-Tools. Não existiam guitarras chinesas de 300 reais. Não existia nem o Real. Existia um negócio chamado fita de uma polegada, na qual a música era mixada após a gravação e passada para um outro negócio chamado fita cassete de cromo. Poucos tinham dinheiro para comprar a tal fita de uma polegada, então elas pertenciam aos estúdios, e cada fita era usada na gravação de umas 300 bandas. Gravou, mixou, fita de uma polegada, fita cassete, fita de uma polegada apagada. Se o músico mudasse de idéia, sinto muito, grava de novo. Masterização? De que se trata?
Então combinamos que a história não vai se repetir.
E chega 2007, de volta para o futuro. Após um período de oito anos mergulhada em trevas, a Rádio Cultura-FM (Brasília, 100,9 MHz) (http://www.sc.df.gov.br/paginas/radio_cultura_fm/cultura_fm.htm) volta com nova programação. Após o período negro, a primeira vez que sintonizei lá, isso neste ano ainda, quase não acreditei: era verdade, uma rádio com nova direção, com grandes músicas, e SEM jabá. Eclética, com músicas independentes ou não, sempre de nível excepcional. Posso agora deixar em casa a caixa com doze CDs e apertar o power do Pioneer sem receio algum, e parar o carro na escuridão sem medo de perdê-la, e o carro e os vidros estão segurados e a frente do cd-player é descartável. É a felicidade em freqüência modulada.
Dentre os diversos programas da nova rádio, destaca-se o Cult 22 (www.cult22.com), que está no ar desde que Elvis apertou a campainha da Sun Records pela primeira vez. O programa, que sobreviveu até mesmo à besta do apocalipse e às citadas trevas, “rock e pop sem discriminação”, brilha nas noites de sexta-feira para se ouvir antes de sair de casa, e para se ouvir no carro a caminho de algum lugar. Se possível, ouça também quando chegar lá. Em nossos corações e tímpanos também estão, entre outros, o Programa Senhor F (indie-rock), o Conexão DF (tudo sobre artes & ofícios em Brasília – o oásis radiofônico dos artistas daqui), e o Violas & Violeiros em seu retorno triunfal – existe programa mais folk do que esse? Acorde às seis da matina, se tiver coragem.
A história não vai se repetir, mas ela pode ser reescrita, pois letras de música não são livros de História do Brasil nem de História Geral. De preferência, acrescente no mínimo três acordes e alguma dose de emoção.
Em resumo, mandem suas fitas, digo, seus CDs independentes para lá, de qualquer estilo, ou mesmo aqueles que não tiverem estilo algum. Com certeza serão, no mínimo, ouvidos com o respeito que merecem. E, quem sabe, talvez até entrem na programação da Rádio Cultura-FM, Via N2, anexo do Teatro Nacional Cláudio Santoro, Brasília-DF, CEP 70.070-200, e-mail: cultura.fm@terra.com.br . É isso. (A) (O) melhor (-) (do) rádio do Brasil está de volta. We salute you!
A história somente se repete como farsa, como disse Karl. Na época dele ainda não existia a CBN, mas isso não importava, pois ele tinha mais o que fazer. E em 1982 não existiam Internet, MP-3, Orkut, YouTube, MySpace, gravadores digitais, Pro-Tools. Não existiam guitarras chinesas de 300 reais. Não existia nem o Real. Existia um negócio chamado fita de uma polegada, na qual a música era mixada após a gravação e passada para um outro negócio chamado fita cassete de cromo. Poucos tinham dinheiro para comprar a tal fita de uma polegada, então elas pertenciam aos estúdios, e cada fita era usada na gravação de umas 300 bandas. Gravou, mixou, fita de uma polegada, fita cassete, fita de uma polegada apagada. Se o músico mudasse de idéia, sinto muito, grava de novo. Masterização? De que se trata?
Então combinamos que a história não vai se repetir.
E chega 2007, de volta para o futuro. Após um período de oito anos mergulhada em trevas, a Rádio Cultura-FM (Brasília, 100,9 MHz) (http://www.sc.df.gov.br/paginas/radio_cultura_fm/cultura_fm.htm) volta com nova programação. Após o período negro, a primeira vez que sintonizei lá, isso neste ano ainda, quase não acreditei: era verdade, uma rádio com nova direção, com grandes músicas, e SEM jabá. Eclética, com músicas independentes ou não, sempre de nível excepcional. Posso agora deixar em casa a caixa com doze CDs e apertar o power do Pioneer sem receio algum, e parar o carro na escuridão sem medo de perdê-la, e o carro e os vidros estão segurados e a frente do cd-player é descartável. É a felicidade em freqüência modulada.
Dentre os diversos programas da nova rádio, destaca-se o Cult 22 (www.cult22.com), que está no ar desde que Elvis apertou a campainha da Sun Records pela primeira vez. O programa, que sobreviveu até mesmo à besta do apocalipse e às citadas trevas, “rock e pop sem discriminação”, brilha nas noites de sexta-feira para se ouvir antes de sair de casa, e para se ouvir no carro a caminho de algum lugar. Se possível, ouça também quando chegar lá. Em nossos corações e tímpanos também estão, entre outros, o Programa Senhor F (indie-rock), o Conexão DF (tudo sobre artes & ofícios em Brasília – o oásis radiofônico dos artistas daqui), e o Violas & Violeiros em seu retorno triunfal – existe programa mais folk do que esse? Acorde às seis da matina, se tiver coragem.
A história não vai se repetir, mas ela pode ser reescrita, pois letras de música não são livros de História do Brasil nem de História Geral. De preferência, acrescente no mínimo três acordes e alguma dose de emoção.
Em resumo, mandem suas fitas, digo, seus CDs independentes para lá, de qualquer estilo, ou mesmo aqueles que não tiverem estilo algum. Com certeza serão, no mínimo, ouvidos com o respeito que merecem. E, quem sabe, talvez até entrem na programação da Rádio Cultura-FM, Via N2, anexo do Teatro Nacional Cláudio Santoro, Brasília-DF, CEP 70.070-200, e-mail: cultura.fm@terra.com.br . É isso. (A) (O) melhor (-) (do) rádio do Brasil está de volta. We salute you!