segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Hermes de Aquino - mais atual do que nunca ...



Alguém se lembra do cantor Hermes de Aquino, que fez (algum) sucesso nos anos 70, com a música "Nuvem Passageira"? Sim, naquela época ainda se fazia "sucesso" e as músicas ainda pertenciam ao mundo real. E não era necessário usar calças coloridas para aparecer em prêmios de TV movidos a votos de adolescentes sem cérebro. E os cantores ainda tinham coragem de tirar foto para compactos vestindo pijama e sem pentear o cabelo. Que década ...
A Nuvem Passageira vai virar Nuvem Digital. Todos os músicos e suas músicas serão etéreos, passageiros. Bom, pelo menos vai sobrar mais espaço na estante. Direto do jornal O Globo, de 24/10/2010:
"Nuvem digital"
Após sucessivas derrotas, a indústria do disco parte para o contra-ataque
Antônio Carlos Miguel
Num futuro próximo, e idealizado pela indústria do disco, a música estará disponível numa "nuvem", facilmente acessada por celulares, computadores de mesa, laptops, iPads e outras quinquilharias eletrônicas que surgirem. Mas quem pagará a conta?, devem perguntar, com razão, compositores, intérpretes, produtores e demais envolvidos na criação e produção musical. A resposta vem de um mosaico de opções, algumas combinadas: usuários, que poderão comprar canções ou discos (como na loja iTunes, da Apple, que ainda não resolveu questões autorais com as editoras para entrar no Brasil) ou se associando, pagando mensalmente valores que vão variar dependendo do pacote assinado; operadoras de telefonia e banda larga (como o portal Power Music Club, lançado esta semana no Brasil pela operadora GVT em parceria com a Universal Music, ambas empresas controladas pelo grupo de mídia francês Vivendi); e publicidade, fazendo com que muitos desses sites funcionem como rádios interativas. O modelo da "nuvem" já é adotado em diversos países, vigora em muitos sites de música (como Grooveshark, Spotfy, Pandora e mesmo YouTube, além do brasileiro Terra Sonora) e, a partir de novembro, quando entrar no ar o Escute - site de venda digital criado pela Som Livre -, deverá crescer mais entre nós. É esse o sonho de Leonardo Ganem, o presidente da gravadora, atualmente a terceira maior no país (atrás apenas das multinacionais Sony e Universal), tendo fechado 2009 com 25% do nosso mercado de música. O Escute também oferecerá download de faixas individuais (ao preço de R$ 1,79, quase o mesmo valor cobrado no iTunes), mas o executivo aposta mesmo é na tal "nuvem". - Acredito firmemente que, quando houver banda larga suficiente a um custo baixo para todos os celulares, o modelo de posse da música será ultrapassado. Todos pagarão por um serviço e acessarão a "nuvem" em que estará depositado todo o conteúdo musical - diz Ganem, que, enquanto esse futuro não chega, recorre a "modelos híbridos previstos no Escute". - Precisamos diferenciar celular de computador. No computador, uma grande fatia do mercado já tem banda larga suficiente, e do nosso lado temos expertise para segurar qualquer nível de acesso. No celular e para aqueles com conexões de computador menos rápidas, mantemos os serviços de download ilimitado e download faixa a faixa, que atualmente ainda são necessários. A aposta da Som Livre (que já tinha um site de venda de discos e DVDs físicos, que continuará no ar) acontece num momento em que a indústria parte para o contra-ataque numa guerra em que vinha perdendo seguidas batalhas - em grande parte, devido à cegueira coletiva de seus executivos, que, num primeiro momento, tentaram bloquear a circulação de música pela grande rede. O maior exemplo dessa união e reação é o Prêmio Música Digital - que terá sua festa de premiação no dia 23 de novembro, no Teatro Casa Grande, com transmissão pela Band -, e cuja lista de indicados adiantamos nesta reportagem (veja o quadro na página 2). Idealizado pelo produtor Marco Mazzola - que mantém sua própria gravadora, a MZA, após décadas pilotando discos de gente como Raul Seixas, Elis, Caetano, Chico, Gal, Milton, Ney Matogrosso, Simone e Chico César -, o Prêmio Música Digital tem o apoio das principais associações do setor no Brasil (ABPD, ABMI, ABEM e ABER), do Conselho Nacional de Combate à Pirataria (CNCP, órgão do Ministério da Justiça), de grandes, médias e pequenas gravadoras, operadoras de telefonia e ainda dos principais portais e lojas da internet. "Apesar da oferta quase ilimitada de artistas e canções que a internet nos dá, a grande maioria do público compra por impulso, vai atrás dos sucessos do momento". Com exceção das categorias de voto popular - a partir de uma lista de indicados elaborada por um corpo de 20 experts, entre músicos, produtores e jornalistas, e que desagradou às grandes gravadoras -, o prêmio foca o sucesso comercial (aferido pelos números de downloads pagos, em todas as plataformas, celular e internet, com auditoria da Nielsen). Ou seja, ele vai oferecer um painel do mercado formal de música digital no Brasil, que tem aumentado ano a ano, mesmo que ainda sem compensar as perdas com as vendas físicas, torpedeadas tanto pela pirataria física quanto pela virtual. Segundo os dados auditados pela Nielsen, os top 10 de cada categoria do Prêmio, somados, correspondem a quase 8,9 milhões de downloads pagos no Brasil este ano. Desse total, cerca de 90% viriam de usuários de celulares - apesar de a Associação Brasileira de Produtores de Disco (ABPD), que não contabiliza a imensa produção independente, afirmar que, em 2009, o download de computadores já teria ultrapassado o de celulares -, com predominância das classes C e D, sem computadores ou conexão banda larga em suas casas, e pagam um preço alto por cada música baixada, em torno de R$ 4. É algo paradoxal, já que adolescentes e jovens das classes A e B não adquiriram o hábito de pagar pela música que pescam ou trocam na rede. Quem olhar para a lista dos indicados ao prêmio, ou para os mais vendidos dos principais sites que comercializam música digital, perceberá que os nomes não diferem dos que frequentam as paradas dos CDs físicos. Estão lá os mesmos Luan Santana, Maria Gadú, Restart, Victor & Léo, Beyoncé, Banda Calcinha Preta, Lady Gaga, Ana Carolina, Parangolé... - Apesar da oferta quase ilimitada de artistas e canções que a internet nos dá, a grande maioria do público compra por impulso, vai atrás dos sucessos do momento. Então, a verdade é que a teoria da cauda longa ainda não se confirmou - diz Ganem, referindo-se à tese de Chris Anderson, editor da revista "Wired", que, no livro "A cauda longa: do mercado de massa para o mercado de nicho", preconizou uma nova sociedade, na qual a receita total de diversos produtos de nicho, com baixo volume de vendas, seria igual à receita total de poucos produtos de grande sucesso."
Música igual Algodão Doce.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Lestics - O quarto CD a gente nunca esquece



A banda Lestics, de São Paulo, chega ao quarto CD - "Aos Abutres", de audição obrigatória. Canções folk-rock-pop com jeito de single, em que se destacam em primeiro plano o violão de aço e a voz. A banda é um exemplo de produtividade, dedicação e persistência no superpovoado mundo indie. O release está aqui:
"Lestics – Aos abutres (2010): “Aos abutres”, novo álbum do Lestics, é o nosso quarto trabalho em quatro anos. Uma média coerente com a ideia que nos levou a formar a banda, a saber, produzir bastante e não rosquear muita lâmpada. Para quem conhece os discos anteriores, este último provavelmente vai soar mais rock. Deve ser isso mesmo, mas o nosso apreço pelo pop, folk e country continua evidente. A exemplo dos dois primeiros discos (“9 sonhos” e “les tics”), optamos por gravar a maior parte de “Aos abutres” em home studio – um notebook que carregávamos pra lá e pra cá, muitas vezes gravando em casa ou nas salas do Nimbus Studios, nosso quartel general desde sempre. Xuxa, o novo baterista, entrou na banda com o disco já em trabalho de parto, “conquistou espaço” e gravou as baterias no Nimbus (a técnica foi comandada pelo brother Alex Oliveira). Acredito que o novo trabalho seja uma evolução e também funcione um pouco como um balanço do que a gente fez até aqui. Do “9 sonhos” e do “les tics” a gente resgatou algo das temáticas e dos arranjos (além da “caseirice”, é claro). Do “Hoje” (álbum de 2009) veio a pegada de banda, e ficou mais consolidada ainda a participação do Marcelo Patu e do Lirinha como compositores. A formação do Lestics é a seguinte: Lirinha (guitarra e violão), Marcelo Patu (baixo e violão), Olavo Rocha (voz), Umberto Serpieri (violão, guitarra, gaita, teclados, percussão e backing vocals) e Xuxa (bateria e percussão). Todos os nossos discos estão disponíveis para download gratuito em www.lestics.com.br. Fotos em alta resolução também estão disponíveis no site. E as músicas podem ser ouvidas no www.myspace.com/lestics e no www.tramavirtual.uol.com.br/lestics".
Baixe tudo.

sábado, 11 de setembro de 2010

santa influência, batman!


Reproduzo abaixo um texto que gostei muito. O autor é Carlos Pinduca, guitarrista da excelente banda Prot(o), de Brasília-DF. O motivo é um só - a originalidade do que ele escreveu. Quantas e quantas vezes já lemos sobre música em jornais e nas famigeradas "revistas eletrônicas" (que se reproduzem como apanhadores em campos de centeio), que mudam somente os nomes das bandas, mantendo uma espécie de texto-padrão como base? Claro, o texto-padrão cita a "pérola-pop" que a banda indie compôs e que deveria tocar em todas as rádios, se o jabá não existe e se o mundo fosse perfeito, composto de músicas beatle com letras dylan. Algo assim.

Algumas bandas exageram na influência, e mantêm apenas uma única luz no início do túnel. E aí são chamadas de imitadoras, de bandas-chatas. Claro, não é sempre assim. O ideal é citar o "caldeirão de influências do qual tiramos nosso próprio som". Nossa.

Não concordo com tudo que o Pinduca escreveu. Radiohead é sempre chato, seja original ou não. Thom Yorke é insuportável e tem cara de personagem de desenho animado de algum daqueles canais da Sky. Ou da Net, não sei. Bom, acho que os canais são os mesmos. E eu gosto é de Wilco. Que imita um pouco o povo antigo da folk music. E é ótimo.

O texto original está em http://pinducasblog.blogspot.com/

"Quando uma ótima banda se torna uma péssima influência

Radiohead: experimentais que geraram seguidores caretas Algumas filosofias orientais acreditam que toda ação carrega em si uma carga de bem e de mal. É um tipo de pensamento que busca enxergar por trás das aparências e dos efeitos imediatos de um ato, analisando desde as reais intenções existentes ali até suas conseqüências a longo prazo e a longas distâncias. De tão intrincada e ampla, essa visão holística de mundo chega a apostar que o bater das asas de uma borboleta no Japão pode influenciar a vida de um cidadão no interior do Mato Grosso. Ou seja, por mais que a nossa boa intenção seja apenas a de conter um vazamento de um cano d’água, podemos, sem saber, estar ajudando a romper as comportas de uma grande represa.
A princípio, um assunto tão místico como esse estaria a léguas de distância do cético e materialista rock’n’roll. Mas, analisando um pouco a história do gênero, notamos que o princípio de bem e mal em uma mesma ação também se aplica ao estilo musical criado por Chuck, Elvis e Richards nos anos 50. E isso faz com que bandas excelentes, algumas até mesmo responsáveis pela ruptura de barreiras em determinadas épocas, sejam exatamente os entraves de outros momentos, por meio de uma influência nefasta em grupos absolutamente sem talento.

Os discípulos de Rolling Stones se ativeram à atitude cafajeste
da banda, em detrimento da boa música
O Rolling Stones é um desses exemplos de banda legendária, que, em contrapartida a sua inegável competência musical, ajudou a criar alguns dos piores monstros - no mau sentido - do rock. Basta ouvir vários grupos de hard rock e glam dos anos 70 e “rockões cafajestes” dos 80’s, que, inspirados pela atitude “bad boy” e o lado pesado da banda de Mick Jagger e Keith Richards, conseguiram a façanha de tornar o rock’n’roll um estilo quase... brega. No Brasil, muitas bandas seguiram essa tendência, como os setentistas do Tutti-Frutti e do Made in Brazil e os oitentistas do Barão Vermelho e do Garotos da Rua, alguns deles fazendo sua música até com certa competência. Mas, no geral, o resultado das bandas influenciadas por Stones é aquém do aceitável, com um rock previsível, de letras quase infantis de tão mal escritas, e componentes vestidos com jaqueta de couro preto e mullets de causar náusea em qualquer pessoa minimamente ligada em estética.Uma outra excelente banda que gerou filhotes indesejáveis é o Van Halen. Liderada por Eddie Van Halen, um gênio da guitarra tanto em técnica quanto em bom gosto, o VH acabou ajudando a disseminar o que se convencionou chamar de Metal Farofa, com grupos formados por componentes muito ligados ao virtuosismo (e ao visual bizarro de roupas coloridas e cabelos com laquê!!!), mas pouco inspirados. Quer exemplos? Mr. Big, Tesla, Poison, Extreme, White Lion e por aí vai. A cena formada por bandas “poser” e guitarristas super técnicos – apelidados de “punheteiros” – se tornou tão popularmente grotesca no final dos anos 80 e começo dos 90’s, que o próprio Van Halen saiu com filme queimado da história, numa daquelas injustiças que o futuro há de reverter. Mas a lista de bandas excelentes que serviram de influência para péssimos grupos não pára por aí. De cabeça, posso lembrar de U2 e sua escola de bandas que tentavam ser, ao mesmo tempo, pop e engajadas. Na maioria das vezes, o que se via nos aspirantes a U2 era um discurso político baseado em argumentos fracos e uma música pobre, longe da classe e força propagada pela turma de Bono Vox e The Edge. Outra banda excelente - quase revolucionária - que gerou rebentos chatérrimos é o Radiohead. Por algum motivo, seus filhotes optaram por deixar de lado a inteligência e o lado experimental da banda de Thom Yorke, para se apegar a uma música melosa e arrastada. Talvez o exemplo de rebento do Radiohead (e do U2, também) mais bem sucedido – e chato, na opinião deste que vos escreve – seja a banda inglesa Coldplay. Mas há outros seguidores meio pentelhos que vão desde Howie Day até (o competente, mas meio “over”) Muse. No Brasil, dois grupos muito bons exerceram péssima influência sobre suas crias: Chico Science & Nação Zumbi e Los Hermanos. Enquanto o primeiro foi responsável pela proliferação de diversos grupos pseudo-folclóricos nas décadas de 90 e 00, apegados superficialmente a tambores e supostas raízes brasileiras, a banda dos barbudos cariocas fez com que um monte de gente achasse que a fórmula da boa música era simplesmente resgatar velhos discos de MPB dos pais e tentar escrever como Chico Buarque. Obviamente, a esmagadora massa de bandas seguidoras dos Los Hermanos acabaram com letras falsamente poéticas e harmonias e arranjos metidos a rebuscados e abrasileirados. O resultado, na maioria das vezes, é uma verdadeira lástima.

Pearl Jam: hors-concours na influência a bandas péssimasPor último, mas não menos importante, talvez a banda hors-concours em matéria de ser uma péssima influência para as demais é o Pearl Jam. O lado messiânico e pop de Eddie Vedder e seus asseclas criou alguns dos conjuntos mais insuportáveis da história do rock. Basta lembrar de bandas como Nickelback, Creed, Nixon, Hootie & the Blowfish e tantas outras que acharam que bastava imitar o vocal de pato rouco de Eddie Vedder para se fazer sucesso. No meio disso, só uma banda se salvou: o Stone Temple Pilots, que, de clone do PJ, acabou partindo para outras searas e se tornando uma ótima banda.Num caminho oposto à popularidade, são as bandas mais obscuras que, geralmente, acabam sendo as melhores influências na história do rock. E é por isso que artistas como Muddy Waters, Link Wray, Buddy Holly, Velvet Underground, New York Dolls, Stooges ou mesmo os alemães do Can acabaram sendo as grandes referências para o surgimento de bandas excelentes e até mesmo de movimentos musicais. Uma das explicações para isso talvez seja o fato de os artistas obscuros só serem procurados por gente mais ligada em música, que está tentando escapar das fórmulas fáceis do sucesso. Por outro lado, jogar a receita de se fazer uma boa banda para esse lado alternativo seria muito simplista. E, convenhamos, muita coisa boa já foi feita em cima de Beatles, Bob Dylan, Talking Heads e tantos outros medalhões do rock - os Stones mesmos foram quase xerocados pelo Primal Scream no começo de carreira -, enquanto muita porcaria já foi influenciada por bandas underground como Pixies e Pavement.
Na verdade, talvez a resposta para essa questão da influência maléfica de bandas boas esteja num plano mais esotérico, mesmo. De alguma forma, em determinadas épocas, alguns artistas excelentes chamam a atenção para a forma como fazem música e passam a servir de matriz para as bandas ruins - as quais, por sua vez, acreditam serem capazes de refazer facilmente aquela fórmula de sucesso. Quase como se fosse um carma, essas bandas ruins vêm trazer à prova o benefício causado à música pelos bons artistas em sua carreira pregressa, numa espécie de balanceamento entre o que seria considerado bem e mal em uma mesma ação."

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O Estudo é (Quase) Tudo


Esse aí (o do link acima, não o da foto ao lado, meus caros) foi meu professor de baixo no Rio de Janeiro, na minha época de baixista de banda punk/new-wave. Aulas de música são importantes demais. Depois que vim para Brasília, entrei na Artmed (Prof. Amú - http://www.3luas.com.br/), depois na BSB Musical (Prof. Daniel) e depois fiz aula particular com o grande guitarrista brasiliense Alberto Sales. Hoje tenho vários métodos que suprem a falta de tempo para professores:

Esse é um deles, é como uma bíblia pagã para aficcionados. Não caiam no erro de que estudar "limita a criatividade" e outras baboseiras de iniciante. Mas quem sou eu para dar conselhos?